Hoje o dia envelheceu antes que a Lua aparecesse. E talvez por isso a Lua nem tenha se dado o trabalho de surgir no céu para dar algum sentido no vazio de unhas cravadas pesando em minhas costas um tanto encurvadas. A mansidão do dia instalou um mal-estar tão suave que nem machuca, mas faz dos meus pés puro chumbo. Há um cansaço que não é derradeiro e não vem do verbo, vem da inexistência, de tudo que cai antes de se edificar, como o dia que anoitece antes do sol sair. São as faltas que mais me esculpem.
Por que a gente deixa que pese? Isso que me intriga tanto…
Tudo que pesa cria semente e esses pequenos caroços que vão moldando nossos próximos passos ou ao menos a vontade de dá-los.
E depois da consciência o que fazemos?
Acho que Pessoa disse assim uma vez:
“O peso de sentir!
o peso de ter que sentir!”